Edizione diplomatico-interpretativa

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  I
  Hunha pastor be(n) Talhada
  Cuydaua en seu amigo
  E estaua be(n) u(os) digo
  Per quant eu. ui mui coytada
  E dissoy mays no(n) e nada.
  De fiar p(er)e namorado
  Nunca molher namorada.
  Poys q(ue) mho meu a eirado  
  Hunha pastor ben-talhada
  cuydava en seu amigo
  e estava, ben vos digo,
  per quant’eu vi, mui coytada;
  e diss’: “Oymays non é nada
  de fiar per enamorado
  nunca molher namorada,
  poys que mh o meu á eirado”. 
 
  II
  E la tragia na mano
  Hu(n) papagay mui fremoso
  Cantando mui saboroso
  Ca ent(ra)ua o uera(n)o
  E dissamigo lontano
  Que(n) faria p(or) amores
  Poys meirastes ta(n) e(n) ua(n)o
  E caeu. an Trunhas flores   
  Ela tragia na mano
  hun papagay mui fremoso
  cantando mui saboroso,
  ca entrava o verano;
  e diss’: “Amigo lontano,
  quen faria por amores,
  poys m’eirastes tan en vano?”.
  E caeu antr’unhas flores. 
 
  III
  Hu(nh)a gra(n) peça do dia
  Jouuali q(ue) non falaua
  E auezes acordaua.
  E auezes esmoreçia
  E dissay sancta maria
  Que sera de mi(n) agora.
  Eo papa g]u[ay dizia
  Ben p(er) quanteu. sey senhora 
  Hunha gran peça do dia
  jouv’ali, que non falava,
  e a vezes acordava,
  e a vezes esmoreçia;
  e diss’: “Ay Sancta Maria,
  que sera de min agora?”.
  E o papagay dizia:
  “Ben, per quant’eu sey, senhora”. 
 
  IV
  Se me q(ue)res dar guarida
  Dissa pastor di uerdade
  Papa g]u[ay p(or) caridade
  Ta morte me esta uida
  Dissel senhor (com)p(ri)da.
  De be(n) e nou(os) q(ue)ixedes
  Cao q(ue)u(os) a s(er)uida.
  Ergedolho e uee loedes 
  “Se me queres dar guarida”,
  diss’a pastor, “di verdade,
  papagay, por caridade,
  ta morte m’é esta vida”.
  Diss’el: “Senhor comprida
  de ben, e no vos queixedes,
  ca o que vos á servida
  erged’olho e vee-lo-edes”.